A busca pela tecnologia já faz parte do repertório da marca Animale
e torna-se o fio condutor do inverno 2010 tanto na pesquisa de materiais
como no espírito da coleção. Estampas tridimensionais revelam
uma anatomia de engrenagens através de rachaduras.
Ao mesmo tempo em que a mulher Animale avança para o futuro,
rende-se ao desgaste do tempo, ao essencialmente humano
e desorganiza tudo o que é previsível.
A silhueta é próxima ao corpo e tem cortes lapidados,
que remetem à forma geométrica dos cristais,
com aberturas que evidenciam partes que costumam estar fora
do script fashion. Essa quebra é proposital e imprime a imagem
de módulos desestruturados assimetricamente. Sobre as bases
do high-tech está a desconstrução, que tem como ponto de partida
os anos 90. O jogo entre rígido e flexível, high-tech e natural,
é a proposta da coleção.
A lã é o material principal e recebe vários pesos e acabamentos,
como o feltrado, referência ao “poverismo”. A arte se apropria
de materiais pobres e, na coleção, é representado pela reutilização
de fitas cassete em forma de franjas. Dentro da gama de materiais
os tecidos são trabalhados para parecerem velhos, desgastados,
empoeirados, esquecidos pelo tempo. Embora o aspecto seja esse,
todos são um reflexo do avanço tecnológico na indústria têxtil,
como a camurça com textura de lã, o couro estampado
com nanocorantes, o beneficiamento resinado que marca dobras
e parece usado.
Ganham peso o azul claro, o vermelho vivo, o vinho e o rosa claro
e os acabamentos são um capítulo à parte. Rebites cônicos
translúcidos, inspirados em pedras e cantoneiras de acrílico
que remetem ao aspecto cristalizado, foram desenvolvidos
especialmente para esta coleção. Os acessórios acompanham
a linguagem do high-tech e são feitos de acrílico brilhante e fosco,
como é o caso das pulseiras. Nos pés, surgem os saltos-escultura
com próteses de metal em ankle boot de couro e galuchat
(couro de arraia) e botas médias em couro estampado,
ambas em surtons dos looks.
